Você sabia que em Belo Horizonte existem, ainda hoje, muitas bicas e minas que jorram água pura e cristalina e ainda fazem a alegria e matam a sede de muita gente?

Em nossa pesquisa para elaborar este texto, acabamos nos deparando com histórias interessantíssimas já contatas em reportagens da imprensa da capital, como a da mina situada bem no terreno onde hoje é a casa do Sr. Romero Pedro Silva, na Rua Dona Geni, no Bairro Vila Santa Branca, região de Venda Nova. Durante a construção de sua casa, no início da década de 1990, ele tentou drenar a mina. Chegou a tampá-la com uma laje. Mas a força da água foi maior e encharcou tudo. Então ele decidiu construir um reservatório com uma bomba.

Resultado: hoje, quando falta água no bairro, os moradores recorrem ao Sr. Romero com baldes e galões. E a água é das mais puras. Análises da qualidade da água da “mina do Sr. Romero” apontaram que ela pode ser destinada para o consumo humano!

A capital mineira foi construída em meio a muitos córregos e rios, que foram sendo sepultados em galerias, mas estão aí, muitos ainda vivos, correndo por baixo das ruas e avenidas. Outros infelizmente secaram. Mas muitas das principais ruas e avenidas antes comportavam águas caudalosas e puras. Os dois sentidos da Avenida Pedro II, por exemplo, eram separados pelo Córrego do Passadinho. Trechos da Rua Professor Moraes e da Avenida Afonso Pena eram cortados pelo córrego Acaba Mundo. Pela Avenida Silviano Brandão passava o Córrego da Mata. E justamente por isso tamanha profusão de água ainda nos dias atuais.

bica petrolina

Quem vive na Região Leste da cidade, onde hoje corre sepulto o Córrego da Mata, já ouviu falar ou já se deliciou com a água da famosa Bica da Petrolina, na esquina das ruas Petrolina e Abílio Machado, no Bairro Sagrada Família. É comum ver, dia e noite, uma fila de pessoas com galões de água esperando sua vez de enchê-los ou a meninada que bate uma bola no campinho do Grota correndo para matar sua sede na bica.

A região Leste é sortuda e pode se orgulhar de ter mais uma bica. Na Rua Felipe Camarão,  no bairro Horto, está a Biquinha do Noventa, cuja água não é considerada potável, mas que ajuda muitos moradores da região. Basta reparar o movimento próximo a ela para perceber que até roupa se lava na bica. Isso mesmo!

Infelizmente, com o crescimento da cidade, muitas bicas foram definitivamente soterradas, drenadas ou secaram, sufocadas pela urbanização. Mas para nossa felicidade, muitas continuam jorrando como antes da fundação da capital e comunidades as protegem com zelo e carinho.

O mapa da mina

Água de beber, bica no quintal

Sede de viver tudo…

A nostálgica letra da bela canção Fazenda, de Milton Nascimento remete a um passado não muito distante em que a meninada e muita gente grande podia desfrutar do prazer de beber água direto da fonte.

Fazemos ao nosso leitor que vive ou visita Belo Horizonte e se interessa pelos detalhes e curiosidades da capital uma recomendação: o Guia Morador Belo Horizonte. Em seu primeiro capítulo, ele mapeia as nascentes que sobreviveram à urbanização em nossa cidade.

A gente sabe que água boa para beber mesmo é insípida, inodora, incolor e sem impurezas. Mesmo assim, nos valemos da licença poética para fornecer o mapa das minas para que você também possa desfrutar desse gostinho.

mapa da mina

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